O ensino da ética e valores morais na educação completa

por Ágatha Heap, Professora da EIPG

O que nos torna humanos é o convívio com outros seres humanos. No reino animal, muitos seres vivos conseguem sobreviver sem o amparo materno, mas o Homo sapiens, quando bebê, depende totalmente de alguém para alimentá-lo, carregá-lo e até para fazer todo o processo de higiene nos primeiros anos de sua existência, senão sua sobrevivência será impossível. O início da vida de uma pessoa reflete a nossa necessidade do cuidado de outras pessoas para o nosso crescimento, para o nosso bem.

Outros animais agem por instinto e são programados para atividades específicas. O pássaro sabe fazer ninhos e chocar seus ovos, a abelha produz o mel, a aranha tece lindas teias…, mas é isso. O ser humano, por outro lado, pode ser pintor, médico, advogado, engenheiro, professor, cantor, vendedor, astronauta, pianista, fotógrafo, cozinheiro, motorista, e até várias coisas ao mesmo tempo.

Entretanto, tudo isso envolve relacionamento com outros seres humanos. Estamos dividindo um lar, a Terra, com mais de 8 bilhões de pessoas e isso não é pouca coisa. Somos interligados, interdependentes. Ninguém vive sem desfrutar do trabalho de outra pessoa, nem vive sem interferir, de alguma forma, na vida de outras pessoas. Vivemos em sociedade e há uma rede que se apoia, se alimenta, se protege e troca recursos de acordo com o que cada um tem para oferecer e precisa receber.

A educação completa precisa envolver ética e valores morais, pois esses temas envolvem os princípios que regem as motivações de comportamento de cada um e como cada ato refletirá na vida de outros, no convívio social. 

Devido a sua racionalidade, o ser humano pode fazer escolhas o tempo todo. E, mesmo considerando que isso reflete nossa individualidade, pois cada um é único, isso também traz responsabilidade, pois as ações individuais trazem consequências coletivas, boas ou ruins. Temos que nos preocupar em como nossa conduta atinge, afeta, beneficia ou prejudica outros.

A ética são os princípios que protegem a dignidade humana tanto em suas necessidades privadas quanto coletivas. Cuidar do outro também é cuidar de si. Toda profissão tem seu código de ética, pois nossos talentos, habilidades, conhecimento e especializações trazem responsabilidade. Se eu sei, se eu posso, se eu tenho com o que contribuir para a sociedade, esses meus “bens” devem ser compartilhados.

Os valores morais nos preservam de ofensas mútuas, de banalização do que é importante, de autodestruição que pode refletir em danos coletivos, pois, como já dito, todo comportamento humano traz consequências para além do indivíduo que age.

Tem um ditado africano que diz: “É necessária uma aldeia inteira para educar uma criança”, e para que essa aldeia seja sustentável, saudável, próspera e celebrante, muitas mãos devem estar envolvidas em sua contrução, na sua educação.

Por isso, a educação completa deve envolver um processo de reflexão sobre a tomada de decisões diárias. Algumas atitudes práticas podem nos dirigir para um bom convívio ético e moral com o mundo que nos cerca. Veja alguns incentivos que devem fazer parte da jornada educacional:

Devemos ser estimulados a perguntar a Deus, o criador de cada um de nós, o que Ele espera que façamos, como Ele espera que vivamos, quais foram os dons e talentos que Ele nos deu que precisam ser colocados em prática. A Bíblia é a melhor fonte de sabedoria e instrução ética/moral.

Devemos ter ferramentas para investigar nossas habilidades, sermos gratos pelo que sabemos e podemos fazer, e disponibilizar os nossos recursos intelectuais, emocionais, espirituais e materiais para o benefício coletivo. “Há mais felicidade em dar do que receber.”

Devemos ser levados a avaliar se nossas ações trazem algum prejuízo para alguém específico, como também para um coletivo ou a sociedade como um todo, como também para o meio ambiente.

Devemos aprender e aplicar diariamente duas bases de pensamento: A Regra de Prata e a Regra de Outro: Não fazer aos outros o que eu não gostaria que fizessem comigo, como também fazer aos outros o que eu gostaria que fizessem comigo. Evitar o mal e ser proativo na prática do bem.

As necessidades individuais sempre devem ser relevantes. Cuidar de si de forma equilibrada é saudável e necessário, mas não estamos sozinhos nesse planeta.

Que possamos viver de forma plena e abundante, desfrutando da felicidade que é poder conviver respeitando os nossos semelhantes e se encontrando nessa esfera de amor, que envolve amar a Deus acima de tudo e ao próximo e como a nós mesmo. E educação completa valoriza o convívio e a consideração pelo outro. Vale a pena!

Ágatha Heap, Professora da EIPG

Posts Anteriores